Pergunto a Bruta Natureza, que destrói com sua força tudo que ela mesma erige:
Como foi possível moldar, da matéria rude, conjunto de átomos tão belos
que formam essa rosa de perfume doce e de vermelho puro?
Que por trás de seu rubro olhar virginal
transmutou-se no símbolo do amor e da pureza
que, mais signo de beleza não pode existir?
Rosa, do espinho que fende a carne e expõe as hemácias
que caiu na perfídias da Rosaceae, dissimulada
por trás do véu de Vênus, fazendo com que a Estética grite
no contato do sangue com a flor.
A dança do cosmo, onde estrelas de eras passadas já são supernovas,
imita as curvas e linhas finas da rosa que, com o ego desabrochado,
aproveita-se de sua beleza e faz seu encanto nos muitos olhares que
nela encaram.
Quando se despetala, na abnegação de sua própria entidade,
mesmo assim o faz com beleza, cativando a alma de quem assiste ao espetáculo.
O balé de sua corola sublimada faz qualquer um dizer que, mesmo na morte, algo mais existe.
E nesse momento, a natureza bronca e estúpida, me sorri ironicamente e diz
que a rosa é a prova de que o amor existe.
A mais rude poesia, feita pela mais rude das coisas é, então, a mais bela.

D.